Frente ruralista pede investigação sobre envolvimento do ‘pessoal do agro’ em suposta trama golpista

Frente ruralista pede investigação sobre envolvimento do ‘pessoal do agro’ em suposta trama golpista

Investigação sobre Financiamento no Agronegócio

Investigação Urgente sobre Financiamento do Agronegócio em Suposta Tentativa de Golpe

Por Demétrio Vecchioli

(Folhapress) – A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), que reúne 340 deputados federais e senadores, solicitou no domingo (15) uma investigação imediata e rigorosa sobre a suspeita de que o “pessoal do agronegócio” tenha financiado uma tentativa de golpe em 2022. O grupo destacou que “ações isoladas” não devem prejudicar a imagem do setor.

Depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF)

Em depoimento ao STF em 21 de novembro, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), mencionou que Braga Netto entregou dinheiro obtido “junto ao pessoal do agronegócio”. Esta declaração está na decisão sobre a prisão preventiva do general, realizada no sábado (14).

Esclarecimento sobre a Origem dos Recursos

As investigações não detalham a origem exata dos recursos que o general teria disponibilizado. Segundo Cid, o dinheiro em espécie foi entregue a um militar investigado em uma sacola de vinho.

Frente Parlamentar: Setor Não Deve Ser Generalizado

A frente parlamentar, que representa os interesses do setor agropecuário no Congresso, defendeu que “os responsáveis sejam identificados e punidos com o máximo rigor da lei, independentemente da atividade econômica de eventuais envolvidos”. A frente considera inadmissível que “ações isoladas sejam usadas para generalizar e comprometer a imagem de um setor econômico composto por mais de 6 milhões de produtores”.

Investigação Transparente e Equilibrada

Foi solicitado que as investigações sejam conduzidas “de forma legal, transparente, equilibrada e em estrita observância ao que determina a Constituição Federal”.

Pronunciamento de Outras Entidades

A reportagem também procurou a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) e a ABAG (Associação Brasileira do Agronegócio), que não responderam ao pedido de comentário até a publicação deste texto.

Decisão do Ministro Alexandre de Moraes

A decisão do ministro Alexandre de Moraes, que autorizou a prisão de Braga Netto, relata que o militar providenciou recursos para o plano de matar, em 2022, o presidente eleito, Lula (PT), seu vice, Geraldo Alckmin (PSB), e o próprio Moraes.

Plano Punhal Verde Amarelo

Segundo a decisão de Moraes, o depoimento de Cid, de 21 de novembro, e documentos obtidos na investigação indicam que “foi Walter Braga Netto quem obteve e entregou os recursos necessários para a organização e execução da operação ‘Punhal Verde e Amarelo’ — evento ‘Copa 2022′”.

Objetivo da Operação

O Plano Punhal Verde Amarelo previa matar as autoridades. O “evento Copa 2022” era a operação para sequestrar Moraes em 15 de dezembro de 2022, de acordo com a PF. O documento do Supremo menciona que o tenente-coronel Rafael de Oliveira se encontrou com Braga Netto, e o general teria entregue a Oliveira dinheiro em espécie, guardado em uma sacola de vinho, para a “realização da operação”.

Participação do Agronegócio nos Atos Antidemocráticos

A participação de setores do agronegócio foi significativa nos atos antidemocráticos em frente ao quartel-general do Exército em Brasília. Foi desse acampamento que saíram os golpistas que depredaram a sede dos três poderes em 8 de janeiro de 2023.

Envolvimento de Empresas do Agronegócio

Como mostrou a Folha, em novembro de 2022, parte dos caminhões estacionados em frente ao quartel-general era de empresas do setor. Doze veículos exibiam o nome da Agritex, revendedora de maquinários agrícolas. A empresa foi uma das dez companhias com contas bloqueadas por financiar os atos golpistas.

Caminhoneiros Sob Orientação

Caminhoneiros afirmaram reservadamente à reportagem terem ido à capital federal por decisão dos patrões, recebendo orientação para permanecer na cidade até segunda ordem. Funcionários de uma empresa relataram que o patrão autorizou o grupo a ajudar financeiramente outros manifestantes acampados.

Identificação de Veículos pela Abin

A Abin (Agência Brasileira de Inteligência) identificou que 272 caminhões entraram em Brasília a partir de novembro para participar das manifestações. Aproximadamente metade dos veículos pertencia a empresas, segundo relatório enviado à CPMI do 8 de Janeiro.

Empresas Envolvidas

A Sipal Indústria e Comércio, de Paranaguá (PR), tinha dez veículos, maior número identificado pela Abin como de uma mesma empresa. O relatório também identificou que um empresário, Alexandro Lermen, era dono de sete caminhões que participaram dos atos golpistas.

Repercussão e Depoimentos

Outro empresário que teve contas bloqueadas pelo STF, Argino Bedin, foi convocado para prestar depoimentos à CPI do 8 de Janeiro. Contudo, a partir de um habeas corpus do Supremo, não respondeu perguntas. Ele chegou a chorar diante de deputados e senadores, sendo confortado pelas senadoras Tereza Cristina (Progressistas-MS) e Damares Alves (Republicanos-DF), ambas ex-ministras do governo Bolsonaro.

Fonte: https://iclnoticias.com.br/frente-ruralista-defende-apuracao-pessoal-agro/

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