Estudo revela contaminação do ar por metais tóxicos em cidades afetadas por desastre da Vale

Estudo revela contaminação do ar por metais tóxicos em cidades afetadas por desastre da Vale

Presença de Metais Tóxicos no Ar em Brumadinho e Região

Por Brasil de Fato

Uma pesquisa solicitada pela Aedas, assessoria técnica independente (ATI) que apoia as comunidades afetadas pelo rompimento da barragem da Vale em Brumadinho (MG), destacou a presença de metais tóxicos no ar de seis municípios impactados.

Estudo Realizado pela Universidade Federal de Ouro Preto

O levantamento, conduzido pela Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), analisou o ar em Betim, Mário Campos, Juatuba, São Joaquim de Bicas, Igarapé e Mateus Leme. Esses locais apresentaram níveis elevados de arsênio, cádmio, cromo, manganês, mercúrio e níquel, superando os valores de referência para qualidade do ar estabelecidos por resoluções ambientais internacionais.

Alta Incidência de Contaminação por Metais

Para a análise, foram coletadas 28 amostras na região estudada. Os percentuais de violações dos valores de referência são destacados. O manganês mostrou inconformidade em 26 das 28 amostras, o que equivale a 93% das coletas acima do valor de referência.

O mercúrio registrou inconformidade em 11 amostras, representando 39% das coletas. O arsênio apresentou inconformidade em 10 amostras, ou seja, 36% acima do valor de referência. O cromo também apresentou 36% de inconformidade com 10 amostras. O cádmio e o níquel tiveram inconformidades em nove amostras, correspondendo a 32% das coletas cada, acima do valor de referência.

Necessidade de Monitoramento Contínuo

De acordo com a técnica da Aedas, Mariana Vieira, o estudo é uma “fotografia” do período analisado e enfatiza a necessidade de monitoramento contínuo. Vieira destaca ainda a falta de regulamentação ambiental específica no Brasil que determine limites máximos aceitáveis para concentração de metais no ar, tornando o uso de parâmetros internacionais essencial.

“Essas lacunas dificultam a avaliação das contaminações e dos riscos à saúde das populações atingidas”, explica Mariana Vieira.

Impactos para Saúde e Meio Ambiente

Embora a presença de metais no ar não signifique intoxicação imediata, Vieira alerta que as pessoas na região estão expostas a essas substâncias, cujos efeitos dependem de fatores como dose e forma de contato. Entre os metais detectados, alguns são conhecidos por causar sérios problemas à saúde humana.

“Para além do potencial risco à saúde, esses metais podem ser transportados pela atmosfera e acumularem-se no solo e nas águas superficiais por meio das chuvas ou deposição seca. No solo, os metais podem escoar para os rios ou serem absorvidos pelas plantas, o que compromete a saúde de quem ingere”, explica Vieira.

A avaliação dos técnicos reforça que os resultados são cruciais para identificar os impactos persistentes e orientar ações de mitigação e políticas públicas.

As coletas ocorreram entre setembro de 2021 e agosto de 2022. O estudo foi realizado a pedido das comunidades afetadas dos municípios para a Aedas e os resultados foram apresentados em reuniões comunitárias e em seminário realizado em outubro deste ano.

Fonte: https://iclnoticias.com.br/presenca-de-metais-toxicos/

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